segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
* PAPER SOBRE O ARTIGO “A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO DIREITO À COMUNICAÇÃO COMO PARTE INTEGRANTE DOS DIREITOS HUMANOS” DE ARMAND MATTELART 1
Resumo:
Analisando de forma sociológica e objetiva, este paper pretende mostrar sucintamente, a maneira como Armand Mattelart expôs a problemática do direito à Comunicação como sendo parte integrante (e importante) da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e, além disso, apresentar formas e atitudes que viabilizem uma maior democratização da Comunicação, ou seja, transpor da letra à prática. Desse modo, torna-se aqui indispensável, discutir o lamentável domínio dos meios de comunicação de massa que dificultam e até mesmo distorcem (cometendo inúmeros atos de distinção e/ou discriminação no decorrer dos seus processos comunicativos) a real função da comunicação na sociedade, que por excelência deveria ser: informar e esclarecer.
Palavras-chave: Análise Social. Direito e Democratização da Comunicação. Políticas Públicas.
PAPER ON THE ARTICLE “THE SOCIAL CONSTRUCTION OF THE RIGHT TO THE COMUNICATION AS INTEGRAL PART OF HUMAN RGHTS” ARMAND MATTELART’S
Abstract:
Analyzing in a sociological way and it aims at, this paper intends to show quickly, the way that Armand Mattelart exposed the problem of the right to the Communication as integral part (and important) of the Universal Declaration of the Human Rights (1948) and, besides, to present forms and attitudes that make possible a larger democratization of the Communication, in other words, to transpose from the letter to the practice. It gave way, it becomes here indispensable, the lamentable domain of the broadcastings that you/they hinder to discuss and even they distort (making countless acts of distinction and/or discrimination in elapsing of your communicative processes) to real function of the communication in the society: to inform and to clear.
Keyword: Social Analysis. Right and Democratization of the Communication. Public Politics.
PAPER ACERCA DEL ARTÍCULO “LA CONSTRUCCIÓN DEL DERECHO SOCIAL A LA COMUNICACIÓN COMO PART INTEGRANTE DE LOS DERECHOS HUMANOS” DE ARMAND MATTELART
Resumen
Analizando de una manera sociológica y objetiva, este paper tiene la pretensión de mostrar rápidamente, la manera que Armand Mattelart expuso el problema del derecho a la Comunicación como parte integrante (e importante) de la Declaración Universal de los Derechos Humanos (1948) y, además de, presentar las formas y actitudes que hacen posible una democratización más grande de la Comunicación, en otros términos, para transponer de la carta a la práctica. Sendo así, se vuelve aquí indispensable, hablar sobre el dominio lamentable de las radiodifusiones que nos impiden y hasta mismo falsea (haciendo actos innumerables de distinción y/o discriminación pasando de sus procesos comunicativos) a la función real de la comunicación en la sociedad, que así debería ser: informar y aclarar.
Palabras claves: Análisis social. Derecho y Democratización de la Comunicación. Políticas Públicas.
INTRODUÇÃO
Há muito já se fala da questão da Comunicação como ferramenta obrigatória de manutenção da democracia em uma sociedade. Porém, Armand Mattelart (como sociólogo que é, e grande estudioso dos assuntos relacionados a Comunicação Internacional) propõe algo ainda mais profundo. Tendo por foco de visão uma analogia social a respeito da Comunicação, Armand retrata a Comunicação como sendo indispensável à formação e esclarecimento do ser humano. O autor define a busca pela construção do Direito à Comunicação da seguinte forma:
Direitos da comunicação é um termo útil que remete de imediato a um conjunto de direitos humanos já existentes e que são negados a muitos povos, que não podem apropriar-se de seu significado pleno, a não ser quando tratados como um grupo fechado. O todo é superior à soma de suas partes (CRIS, Communications Rigths in the Information Society apud MATTELART, 2009, p. 42).
Assim, ele faz uma rápida retrospectiva sobre o assunto dentro dos parâmetros legais (como as leis e manifestos – Declaração da Independência dos Estados Unidos (1776) e Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) - que serviram de base para a elaboração da Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948). Logo em seguida, nos mostra também, como se processa o domínio da Comunicação, principalmente o relacionado ao domínio dos meios de comunicação. É o que ele chama de “oligopólio audiovisual”, no qual o liberalismo fala mais alto que os próprios ideários usados na construção dos direitos dos homens, fala mais alto porque o medo de perder “aliados e parceiros” é grande, ressaltando ainda mais as desigualdades sociais pré-existentes. “Eles têm medo de abordar a dimensão da concentração com toda sua amplitude estrutural. O próprio conceito os incomoda” (MATTELART, 2009, p. 40).
Sendo assim, Mattelart propõe uma maior discussão sobre a atuação da sociedade na mudança desta concreta realidade, isto é, ele propõe que haja uma participação social em torno das leis que fiscalizem e transpareçam de que forma ocorre o funcionamento dos meios de comunicação. Segundo ele, se houver mais diálogo referente à troca de culturas e ideias, a Comunicação como direito do homem certamente se firmará em terreno sólido e produtivo.
O DIREITO À COMUNICAÇÃO, SUAS PROBLEMÁTICAS E PROVÁVEIS SOLUÇÕES
Ao pensarmos em Direito à Comunicação, não devemos nos prender naqueles já tão debatidos (e que mesmo assim necessitam ser ainda mais bem debatidos) assuntos sobre liberdade de imprensa. Devemos assim, pensar nas milhares de populações pobres relegadas a negligência social, que não tem sequer o direito comum estabelecido pela Declaração Universal dos Direitos Humano no artigo 19: “ Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião de expressão, [...] sem consideração de fronteiras, ideias ou qualquer meio de expressão”. (MATTELART, 2009, p. 37).
E toda essa negligência graças a um mercado desenfreado, que prestigia quem tem alta renda e poder. Mercado este que possibilita a cada dia uma maior interrelação de bens e trocas entre pessoas, a chamada Globalização. E esta mesma Globalização é tida por muitos como “redentora”, pois conseguiria unir os povos e assim melhorar o diálogo e a relação deles uns com os outros. Esta visão se mostra um tanto incoerente.
Na realidade, o que se vê, é sim um a Globalização que une os povos. Porém une uma pequena parcela que tem interesses e finalidades econômicas, não une e nem promove integração das culturas, das ideias, da Comunicação destes povos. A Globalização se mostra já há muito tempo, como um meio exacerbado de reafirmar a triste situação a que milhares de pessoas estão submetidas: desigualdade financeira e má distribuição de renda.
Assim, o que McLuhan defendia como o surgimento da Aldeia Global, não se deu na atual Globalização comercial. Isso também é compartilhado por Armand Mattelart, nos mostrando que não existe ainda o sentimento de aldeia, de responsabilidade nos atos coletivos. Existe sim, segundo o autor, uma voracidade cada vez maior do liberalismo (o que se caracteriza como capitalismo selvagem) que ao realizar sua incessante busca pelo lucro os “cega”, não os deixa ver a triste realidade dos seus vizinhos. E os personagens aqui destacados (como o mercado, organizações econômicas e governantes) são descritos por Armand como detentores de um “monopólio cognitivo ou monopólio do conhecimento”, isto é, se usam de seus conhecimentos não com vista à melhoria do bem-estar social, mas sim em benefício (financeiro e político) próprio (MATTELART, 2009, p. 37).
Outra pergunta que ele nos faz acerca desta concretização do Direito à Comunicação, é sobre a procura por melhorias na vida de todos, para que possam viver dignamente e ter assim mais informação acerca dos seus direitos. Em outras palavras, ele nos faz refletir sobre a responsabilidade constante da sociedade e dos governantes neste mundo globalizado. Sobre a influência que os chamados grupos seletos (G8, União Europeia) poderiam utilizar na promoção de visibilidade dos Direitos Humanos (entre eles o de poder se expressar e ter liberdade de opinião) a toda uma população que sequer sabe da existência de tais direitos.
Por isso, num momento no qual a Globalização envolve pessoas do mundo inteiro, nem sempre vemos um envolvimento que traga uma integração cultural e comunicacional dos povos. Sendo assim, faz-se necessário refletir muito ainda acerca da falsa visão que nos é passada sobre a Globalização como parceira da Comunicação no desenvolvimento do processo inacabado (em termos práticos) do Direito à Comunicação e respeito a outrem.
Outra questão levantada pelo artigo de Armand Mattelart, se refere a problemática da centralização da Comunicação. Apresentando-nos que esta não está presente apenas na distribuição das informações à sociedade. O perigo é bem maior quando se reflete acerca da produção de informações e produtos em geral para toda uma massa.
Vemos dia após dia, que os maiores veículos de Comunicação (sejam eles jornais, revistas, rádio, televisão, entre outros) estão dispostos geograficamente em regiões de grande industrialização e forte apelo capitalista. Dessa forma, tais veículos produzem aquilo que lhes é conveniente e rentável (sendo a notícia exceção nesse caso), deixando para a sociedade pouca ou nenhuma participação nessas produções. Ora, se se defende que a Comunicação (seja tanto a liberdade de opinião quanto a liberdade de expressão) é um direito de todo e qualquer homem, como fazer com que isso se realize se o próprio homem cumpre sua tarefa no processo comunicativo apenas no papel de receptor?Pode haver democracia de fato, se a maioria não é ouvida? Para quem a única coisa que importa é o ganho financeiro em grande escala, isso é possível.
Porém, é relevante que se pense que essa concentração da mídia prejudica não só uma pequena parte da sociedade (pois estamos falando mais especificamente da comunicação de massa). Ela atinge todo um processo educacional e processo social (sabendo que a maioria da população de menor poder aquisitivo não tem acesso a várias formas de informação, a televisão comercial lhes serve como única e “verdadeira” fonte de mundivisão). A descentralização, a diversificação e fiscalização da Comunicação são importantes passos para que de fato ocorra uma verdadeira democratização da Comunicação. Acerca disso, Mattelart se posiciona firmemente contra a negligência dos Estados. dizendo:
Os Estados, por sua vez, têm medo de incomodar o oligopólio audiovisual e seus lobbies convertido em poderes políticos e ideológicos incontornáveis. A ausência ou precariedade de um ambiente regulatório que proteja e apóie as experiências da comunicação comunitária, na maioria das vezes, coexiste com uma atividade extremamente permissiva em relação às mídias comercias/privadas. (MATTELART, 2009, p. 41)
Uma maior fiscalização da produção (e consequentemente a distribuição) dos meios de comunicação, maior participação social em relação a possíveis cerceamentos da liberdade de expressão/opinião e quebra de paradigmas (que infelizmente se tornaram realidades, como a de que só tem vez e voz, quem tem poder), são fundamentais para a construção do Direito à Comunicação.
E além de todas as propostas sugeridas acima, é necessário que se reflita acerca da implementação de políticas públicas que possam viabilizar ainda mais este direito. O autor define como uma das soluções a criação de debates sociais, com a participação efetiva dos novos “atores sócio-políticos” (com uma posição mais esclarecida e questionadora dos meios e comunicação). E o principal foco dessas discussões seria os três “D" (Diversidade-Desenvolvimento-Diálogo), anteriormente discutidos em fóruns da Unesco em 2001 (MATTELART, 2009, p.41).
Assim a criação de mídias alternativas, entenda-se por mídia alternativa as tevês e rádios comunitários, que verdadeiramente se prestem ao serviço público (o que muitas vezes não acontece), seria fundamental para a comunidade se expressar concretamente. Isso também possibilitaria uma maior interação e difusão das ideias na comunidade e a não dependência da tevê aberta como uma única fonte de informação. Porém a fiscalização do uso correto de tais concessões é fundamental, ainda mais pela problemática do proselitismo religioso e favoritismo político, apresentados por Armand em seu artigo.
Outro provável auxílio nessa incessante busca pelo Direito à Comunicação para o homem (num sentido de humanidade), seria a criação de órgãos públicos que dessem a salva-guarda ao cidadão de que seu Direito à Comunicação será mantido sempre. Além disso, Armand propõe orgãos controladores flexíveis (e não detentores), criados em conjunto pelas nações, possam saber a melhor utilização do dinheiro público. Pois, de acordo com Mattelart:
Bem recentemente, no âmbito da crise financeira os economistas críticos colocaram em pauta a idéia de que o dinheiro também pode ser considerado um “bem público”, para evitar que um punhado de traders fique jogando com seus fluxos de caixa em detritemento de sociedades inteiras (MATTELART, 2009, p. 44).
E isso nos remete a outro assunto importante dentro da questão da luta pelos direitos, onde as ONGs têm papel importantíssimo (e vale destacar que não recebem nenhum apoio das grandes autoridades, seja ele financeiro ou até em reconhecimento, pois elas não só mostram a força de uma ideia como também a aplicação bem sucedida desta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir assim, que o Direito à Comunicação (como fator preponderante ao exercício da cidadania), deve estar presente cotidianamente tanto nos debates políticos acerca da legislação dos meios de comunicação (controle de qualidade e fiscalização) quanto no meio social (nas escolas e comunidades, discutindo a real função e benefício que a conquista de tal direito nos traz). Pois desse modo, o assunto não se restringirá ao meio acadêmico ou da alta classe mais bem preparada intelectualmente, ele se expandirá indo de encontro ao conhecimento de quem mais o necessita: a sociedade como um todo.
E isso se faz mais necessário ainda, quando pensamos que o Direito à Comunicação só tem funcionalidade quando é exercido e mantido por todos, ou em outras palavras: só se consegue ser ouvido quando se unem todos em uma só voz. Mas é imprescindível que reflitamos também, que para se conseguir um direito tão importante quanto este, é mais do que fundamental a participação social e política de nós todos.
A urgência da criação de um novo contrato social, que se baseie numa crítica postura em relação aos dois paradigmas conhecimento/poder, também se dispõe a fazer com que a sociedade repense os meios de comunicação. Pode-se traduzir isso, a grosso modo, que ações e observatórios de mídia (ou seja, um novo ângulo de visão) como os propostos pelo Fórum Social Mundial em 2003 (Porto Alegre-RS), são excelentes formas de analisar e compreender a situação e responsabilidade social desses meios (MATTELART, 2009, p. 47).
Desse modo, assim como Mattelart defende o Direito à Comunicação como um direito universal e irrestrito a qualquer cidadão do mundo, nós também podemos defender além do direito de nos expressarmos, outro direito essencial para o entendimento do processo da comunicação: sermos ouvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MATTELART, Armand. A construção social do direito à Comunicação como parte integrante dos direitos humanos. Intercom. Revista Brasileira de Ciências da Comunicação. São Paulo, v. 32, n° 1, p. 33-50, jan./jun. 2009.
[1] Este artigo é parte integrante da Palestra da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã (realizada em outubro de 2008 em Recife - PE), proferida por Armand Mattelart (ex-Professor da Université Paris VIII, ex - Presidente do Observatório Francês da Mídia e autor de vários livros acerca da Comunicação).
LOPES DA SILVA, Anderson
*Este paper foi escrito como forma de avaliação para a disciplina de METODOLOGIA DE PESQUISA EM COMUNICAÇÃO, ministrada pela Prof. mestranda Ana Cleusa Delben.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
*A MEDIDA CERTA DE WALL-E

E é claro que é mais do que visível a evolução da Pixar desde sua primeira animação infantil Toy Story (1995), pois tendo como parceira distribuidora Walt Disney Pictures; (pioneira no assunto), ela soube aproveitar muito bem esse rentável nicho de mercado: o público que de início se caracteriza como infantil, mas no entanto, atrái cada vez mais vários adultos). Porém a característica que diferencia Wall-E de outros filmes do gênero é sua forma de ser, ele é mais do que uma simples historinha, é mais do que um festival de efeitos especiais e maravilhas da computação gráfica; a película traz reflexão e certa dose de inovação em uma trama que cativa o espectador.
Talvez a leveza do enredo aliada ao carisma dos robozinhos que mal se expressam verbalmente, tenha sido a fórmula correta encontrada pelo diretor Andrew Stanton para criar um filme onde há sim uma contestação crítica da sociedade, mas que, todavia não cai em uma espécie de pseudo-documetário de horas e horas das quais nada agregam ao indivíduo que assiste a obra.
Stanton sendo ator, roteirista e animador estadunidense, ganhador do Oscar de Melhor Animação em 2004 por Procurando Nemo (2003) já realizou mais de 10 obras cinematográficas.
O personagem principal é o robô que empresta o nome ao filme, Wall-E (sigla para Waste Allocation Load Lifter – Earth, algo aproximadamente como Localizador e Coletor de Lixo Classe Terrestre), que tem a função de limpar e organizar todo o lixo presente no planeta (é fácil notar que muitas outras máquinas como ele existiam, entretanto só restou o robôzinho e sua barata; aliás único animal com capacidade de sobreviver em um território devastado como o da Terra no ano de 2700 onde se passa a história).
Assim, Stanton consegue (logicamente com todo o apoio da engenharia de som e efeitos) dar a Wall-E e aos inúmeros robôs qualidades e indícios que apenas humanos têm, como expressão facial (movimento do que parece ser seus olhos) e corporal (todos os movimentos realizados pelas mãos e corpo do robô que não para um só minuto de trabalhar).
Mas voltando ao desenrolar da história, ocorre que EVA, uma robô bem mais desenvolvida tecnologicamente, chega à Terra com a missão de encontrar vida e assim voltar ao seu local de origem para dar as boas novas: um nave espacial onde todos os humanos vivem esperando que o planeta (que eles mesmos destruíram) tenha novamente condições de recebê-los.

O primeiro contato dos dois é complexo, sendo que Wall-E rapidamente se “apaixona” pela nova máquina presente em seu território. Já ela reage nervosamente contra o robô e demora a adquirir confiança no pequeno. Quando isso acontece, vêem-se dois pontos cruciais na história: primeiro mais um fato vem denotar a afeição do robozinho pela cultura e objetos produzidos pelos humanos (como os brinquedos, jóias e seu principal passatempo: um filme musical chamado Hello Dolly!(1969)) e depois, EVA encontra o que vinha procurando: um pequeníssimo vegetal brotado dentro de uma bota velha; sinônimo de vida terrestre.
Passado um tempo, ele consegue ir junto com ela para o espaço (a essa altura ela já havia se desprogramado, o que causou uma tristeza gigantesca em Wall-E que apresentava um grande amor por ela), lá eles encontram seres humanos que vivem de maneira mais vegetativa e ociosa possível numa “nave-cruzeiro” de luxo, a AXIOM. Tais humanos, sequer lembram-se da Terra e de suas coisas (basta ver quando o Capitão começa a se interessar pela planta e pelas (re) descobertas de seu planeta como a dança, a música e a comida).
Mais ao final do filme, acontece situações importantes como a luta entre Wall-E, EVA, o Capitão contra o Auto (Auto Pilot), Geomis (GO-4) e os outros robôs comissários (que tentam não deixar que os humanos retornem ao seu planeta) e também, a tão esperada chegada de todos os humanos e o casalzinho de robôs protagonista à Terra, para enfim começarem uma nova reconstrução de vida e ideias.
Wall-E foi feito na medida certa, porque transmite além de uma reflexiva e instigante mensagem acerca dos impactos promovidos pelo homem à natureza; outra mensagem não menos importante que é a que segue: impacto o da tecnologia na sociedade. Tal aspecto pode ser observado quando se analisa a quantidade terrivelmente grande de lixo e matérias descartáveis deixados ao léu no solo terrestre. Ainda no que diz respeito à tecnologia e ao homem, tem que se pensar numa tecnologia que o auxilie (como a indústria e a informação), mas também que seja responsável quanto à reciclagem de materiais usados e na promoção de um desenvolvimento sustentável (isso para ficar apenas em apenas poucos exemplos).
O fato dos humanos também ficarem dependentes única e exclusivamente da tecnologia a seu bel prazer (como no filme, onde as pessoas comiam, se trocavam e viviam sempre pela intermediação da tecnologia existente) é outro ponto a ser questionado. Atualmente não se vê níveis de tecnologia que possam ser comparados com a ficção de Wall-E, contudo essa constante intermediação e dependência quase patológica dos objetos eletrônicos e tecnológicos já estão mais do que presente até na vida de crianças e adolescentes que nem brincam mais ao ar livre; a diversão fica por conta de computadores e videogames cada vez mais “inovadores”. Desse modo, também é necessário ressaltar o quão é conveniente que estudantes das NTCs (Novas Tecnologias da Comunicação, ou seja, especialmente o público das Ciências Sociais Aplicadas) possam analisar a obra por esse viés tecnológico.
Por isso essa medida certa de Wall-E, não fica a cargo apenas de merecimento qualitativo da obra de Stanton e da Pixar, mas vale também para que se possa desde já começar a repensar velhos conceitos e valores relativos tanto à importância a que se dão as constantes e céleres renovações tecnológicas quanto à importância não dada as consequências acarretadas por tais inovações. Wall-E já fez a sua parte.
LOPES DA SILVA, Anderson
*Resenha crítica escrita como trabalho para a disciplina de ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS EM COMUNICAÇÃO, ministrada pela Prof. mestranda Larissa E. B. Balan Leal.
*QUEM DISSE QUE CIGARRO FAZ MAL À SAÚDE?

Jason Reitman, canadense de 32 anos, é formado pela Harvard-Westlake School e pela University of Southern California's School of Cinema-Television. Filho do também diretor Ivan Reitman e da atriz Geneviève Robert, Jason chegou a trabalhar como ator, antes de iniciar sua carreira de diretor. Sendo assim, ele possui em seu currículo, uma filmografia curta, mas de muita qualidade e bem premiada. Tanto na direção quanto na elaboração do roteiro, as obras de Reitman se distribuem da seguinte forma: os curtas-metragens Operation (1998), H@ (1999), On God We Trust (2000), Gulp (2001), Uncle Sam (2002) e Consent (2004). Já os mais recentes, são os dois longas: Obrigado por Fumar (2005) e Juno (2007).
O filme Obrigado por fumar, conta a divertida trajetória profissional de um lobbysta estadunidense chamado Nick Naylor (Aaron Eckhart), que trabalha para empresas que têm no cigarro sua maior fonte de renda. Nos EUA, é legal e reconhecida a profissão de quem faz lobby, ou seja, quem trabalha para uma empresa ou organização e tem como atividade profissional buscar influenciar, explicitamente ou não, decisões do poder público, em favor de determinados interesses privados.
Desse modo, durante o longa inteiro, Nick Naylor, possuidor de uma retórica impressionante, defende e argumenta sobre o uso do tabaco, tendo como mote principal, a liberdade de escolha das pessoas. Nick chega a argumentar, logo no início do filme, em um típico programa televisivo de debates, que é melhor que o jovem com câncer pulmonar, ali presente, viva e continue fumando; do que morra para “pura e simplesmente” provar os malefícios do cigarro. No debate, era possível notar que Nick, porta-voz da Academia de Estudos do Tabaco (financiada pelos grandes empresários do ramo), estaria em desvantagem frente a vários defensores do não uso do cigarro. Porém ao final deste, toda a platéia, e até o menino canceroso, aplaudem-no e se dei

Paralelo a sua carreira profissional, Nick é separado da mulher e tem um filho, Joey Naylor (Cameron Bright). E é aí, que se instala outra problemática do filme: Nick vê seu filho cada vez mais o idolatrando e sentido orgulho de sua profissão. Por esse motivo ele se questiona se estaria cumprindo sua função de pai ao ensinar para Joey a importância de se argumentar e até de manipular se for preciso.
Constantemente Nick Naylor precisa lutar contra o oportunista Senador Ortolan Finistirre (Willian W. Macy), criador tem um projeto de lei, no qual a imagem de uma caveira com ossos e a palavra veneno (poison) devam ser postas em todas as embalagens de cigarro. O objetivo está claro: alertar contra o uso do cigarro e tentar diminuir os grandes lucros das empresas tabaqueiras. Naylor tem uma ideia, que há muito tempo já havia dado certo: voltar a pôr o cigarro no cenário de Hollywood, com o intuito, também claríssimo, de passar a imagem da sensualidade e prazer, o que logicamente aumentaria as vendas do cigarro novamente.
Porém antes disso, Nick Naylor tem a missão de se apresentar ao todo poderoso chefe do tabaco, O Capitão (Robert Duval), que se identifica com Naylor e aprova a ideia do cinema e todas as pseudo-campanhas contra o tabagismo. Além disso, pede a ele que entregue uma doação (diga-se de passagem, propina) a
No tocante as relações sociais, Nick Naylor tem apenas dois amigos próximos: Polly Bailey (Maria Bello), que trabalha pelos interesses da indúsria de bebidas, e Bobby Jay (David Koechner), defensor da indústria bélica americana. A irônica turma se auto-intitula MDM (Mercadores da Morte), e sempre se encontra para discussões do tipo: quem tem a maior estatística de morte provocada por seus produtos e como achar meios para se livrar da imprensa, aliás, a instituição que mais os incomoda.
E falando em imprensa... Nick Naylor se deixe enganar e cai nas sedutoras insinuações de uma repórter Heather Holloway (Kate Holmes), sem muita ética profissional, que ao saber dos planos sobre a inserção de cigarros em filmes e da existência do grupo MDM, redigi uma longa e impactante reportagem sobre submundo do cigarro. Após se aproveitar de todas as informações oferecidas por Nick, ela o larga sem maiores remorsos. Nick Naylor, que havia sofrido um seqüestro e estava se usando disso para promover a empresa tabaqueira como vítima, perde não só o recente prestígio social como também o emprego na Academia.
Porém, Naylor se usa da imprensa também: vai a público e em uma entrevista coletiva, esclarece o desejo de “limpar os nomes” das pessoas envolvidas na reportagem. Aproveitando-se do espaço ele reafirma a sua presença na audiência pública e sai novamente de cabeça erguida.
Já no dia da a

Ao término da audiência, BR (J.K. Simmons), ex-chefe de Naylor, o convida novamente para trabalhar junto à Academia de Estudos do Tabaco. Nick Naylor recusa frente a toda a imprensa, pensando na imagem que estaria criando para seu filho e também na criação moral que sujeita este. Não desistindo do seu talento para o falar, Naylor monta seu próprio escritório de Relações Estratégicas e continuou atendendo empresários de atuação, digamos, não muito ética.
Desse modo é interessante destacar, como Jason Reitman conduziu sua obra. Sabendo dosar muito bem o humor (que não chega a ser ridículo, mas cínico) com temáticas sociais tão presentes no nosso dia a dia, ele nos apresenta um filme que poderia ser o mais previsível possível, porém nos surpreende pela agilidade/dinamismo com que ocorrem os fatos e pela imprecisão que isso acarreta.
Além disso, Reitman em Obrigado por fumar, desde o início dá mostra do andamento irônico que se terá na obra. A abertura com o nome dos atores em embalagens de cigarro poderia levar a questionamentos futuros sobre o poder de visualização que se teria desse material, caso a tal caveira com ossos e a inscrição “veneno” houvesse sido inserida nas embalagens deste produto.
Ademais, outro detalhe interessante, é que Reitman não usou um cigarro sequer durante todas as cenas e cenários, em um filme onde o próprio título faz alusão ao seu uso. E também a interposição na obra, de imagens verídicas de uma cobertura jornalística, quando outros “capitães do tabaco” estavam sendo processados e condenados a pagar volumosas multas por prejuízo de uma sociedade inteira, o que faz com que esse hibridismo (ficção e realidade) ultrapasse os limites da tela.
Assim, é impossível não analisar outros subtemas implícitos na obra de Reitman, como: a ética profissional, a relação negócios versus imprensa e até mesmo a busca incessante de um furo de reportagem que nem sempre respeita os limites da dignidade humana e da própria ética já citada.
Dessa forma, numa análise crítica mais profunda, poder-se-ia falar que a ética profissional resume-se a trabalhar dentro dos parâmetros morais tidos como corretos pela sociedade e o Estado, mas isso vai muito além. Pois para a fictícia Academia de Estudos do Tabaco, representa muito bem uma prática comum no mercado liberal: grandes empresários que não se comprometem com a responsabilidade social que deveria ser exercida por suas empresas, se importando apenas pelo rentável fruto do capitalismo; o lucro.
Por isso não é tão fácil perceber que a própria argumentação constantemente utilizada pelo personagem Nick Naylor, a de que “todos têm o direito de escolha”, é infundada. Partindo do princípio que a propaganda, aqui no caso comercial, tem como uma de suas obrigações influenciar para que o consumidor deseje o seu produto e o compre, haveria possibilidade para se dizer que este cidadão não é “orientado” (vamos usar um eufemismo) a realizar tal compra? Depois, as propagandas subliminares do próprio cigarro estão aí para indicar o contrário do que é afirmado pelo lobbysta. E exatamente por serem subliminares, tais propagandas mostram ambientes paradisíacos, apresentam a imagem do cigarro sempre ligada a um forte apelo sexual e a horas de lazer, de descanso. A partir daí, já se pode refletir se esse consumidor é respeitado no seu direito de escolher ou se ele é induzido a realizar tal ato.
Sendo muita importante para as empresas, que sua imagem seja respeitada no mercado a qualquer custo, também deveríamos ressaltar a importância dada aos meios de comunicação e a mídia para que essa imagem seja positiva ou negativa. O poder de influenciar, não está presente só na indústria do tabaco, pelo contrário: os próprios anunciantes de cigarro até pouco tempo se usavam da televisão (que é de grande alcance da população), para apresentar maravilhosamente seus produtos, num hedonismo indescritível.
Para estudantes de Administração de Empresas, o filme seria uma ótima recomendação, por mostrar a forma como as empresas tomam atitudes (se éticas ou não, é outro assunto relevante para se debater) frente a desafios e/ou ameaça de diminuição de vendas de seus produtos. Já aos estudantes de Comunicação Social, a película se torna fundamental para entendermos esse relacionamento dúbio entre os meios de comunicação (de quaisquer mídias), que ora se dizem empenhados em esclarecer a população e defendê-la da desinformação, e ora apresentam de forma glamourosa e insinuante anúncios mostrando o quão é “útil e necessário” determinado produto. É imprescindível também, que estes alunos analisem a forma como por décadas seguidas, o cinema hollywoodiano, apresenta o cigarro continuamente atrelado ao seu star system de atores do momento (é interessante notar que no próprio filme há uma irônica menção deste fato).
*Resenha crítica escrita como forma de avaliação para a disciplina de ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS EM COMUNICAÇÃO, ministrada pela Prof. mestranda Larissa E. B. Balan Leal.
domingo, 13 de dezembro de 2009
*ANÁLISE ESTÉTICA DO FILME "MINHA AMADA IMORTAL" (1994)
Com base no texto a seguir e no filme “Minha Amada Imortal”, responda as questões:
1) Quais os principais aspectos estéticos que podem ser observados no filme? Considere tempo, espaço, música, expressões, enfim, pense no conjunto da obra.
2) Que cenas demonstram a percepção estética de Beethoven, ou seja, sua capacidade de “ouvir” de outras formas?
3) Beethoven se comunica por meio de sua música. Pesquise sobre as sinfonias do compositor e descreva o que a música procura transmitir. Há uma história? A música revela isso por si mesma?
"Escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante". Esta foi a definição que o compositor Johannes Brahms deu à Nona Sinfonia de Beethoven [...]
01) Os principais aspectos estéticos observados no filme fazem parte de um conjunto de elementos que nos possibilita analisar qual o modo de percepção sensorial que cada um deles nos transmite. O primeiro destes, seria o cenário; que por ser um filme no qual se retrata o término do séc. XVII e início do séc. XVIII, tem todas as características que constroem ao espectador o momento histórico por onde se passa o enredo. Os móveis da casa de Beethoven aliados a parca iluminação desta, transpareciam a ideia de melancolia nos momentos de depressão e improdutividade artística pela que passa o protagonista (diferentemente do cenário das realizações das suas apresentações: lustres, muita luminosidade no ambiente e mobília fina são mostras da “grandeza” de tais apresentações musicais).
Além disso, ao apresentar a vida de Beethoven, homem já estabilizado financeiramente e de forte prestígio na alta classe social, os figurinos dos personagens transmitem a luxuosidade e a pompa com que viviam os amigos e/ou conhecidos do círculo de amizades do compositor. Um detalhe interessante a ser observado, é quando Joanne veste-se de preto e põe um véu da mesma cor no rosto para se encontrar com Beethoven no hotel; aquilo dá claros indícios do sentimento de insegurança e medo da personagem (dando a entender que sua discrição era mais do que proposital). Dessa forma, a linguagem por eles utilizada (sem gírias e seguindo uma norma urbana de prestígio) denota a quem assiste ao filme, mais características que definem não só os personagens como também a própria trama (seguem-se nessa linha de raciocínio, os movimentos corpóreos ora representando nervosismo ora mostrando o sentimento da dualidade entre o amor coibido e o ódio - vide as cenas que Beethoven encontra-se com a mãe de seu sobrinho).
Finalmente algo que não poderia faltar, diz respeito a um sentido que é muito presente em nossa análise da obra: a audição, justamente devido ao fato do filme ser muito musicalizado; sendo que o mais interessante é que toda a trilha do filme está condizendo com a cena, o que faz com que nossa interpretação fique mais fácil e até mesmo que nossa emoção aflore de acordo com a cena. As músicas no filme representam muito bem o que Beethoven está sentindo, é possível entender a mensagem que ele passa através de suas composições, é fascinante a forma como ele consegue contextualizar determinado momento pela melodia, pelo ritmo imposto à música.
Outra cena que merece destaque é a que ele apresenta a Nona Sinfonia (“Ode à Alegria”) a um grande público presente no salão de apresentações, pois mesmo que esta foi regida pelo maestro Michael Umlauf (pelo avançado estágio de surdez de Beethoven), é possível perceber que de forma emocionante ele faz uma retrospectiva da sua vida e assim a música vai, digamos, tomando corpo, tendo significando e sendo de alguma maneira perceptível ao compositor. Assim de acordo com a emoção das cenas de alguns momentos de sua vida que vão surgindo na memória, ele consegue chegar ao ápice de sua emoção e, sem que percebamos de imediato, conseguimos assimilar muito bem a mensagem e o contexto desta que ele nos quer passar.
Mais admirável ainda se torna a Nona Sinfonia, ao analisarmos que ela inicia-se com um som quase imperceptível (um som bem baixo, quase inaudível), há uma pequena introdução e já logo se desenvolve com movimentos rápidos, fortes e altos na melodia. Assim, o que fica muito claro, através do filme, é que com a Nona Sinfonia, Beethoven consegue expressar um desejo de liberdade (principalmente quando os sons dos instrumentos se alteram) e de perfeição e grandeza (ao mostrar a imensidão incontável e bela das estrelas no céu). Ainda sobre a obra prima do compositor, pode-se afirmar que com seus movimentos (1° Allegro ma em tropo, 2° Molto Vivace, 3° Adagio molto e cantabile e 4° Presto: Allegro assai e ao final o coral com sua participação magistral) ele consegue mesclar uma gama de emoções jamais repetida por outra composição erudita (inclusive nos dando a ideia que já a ouvimos, de que ela nos é familiar).
Não menos merecedora de deferência, a Terceira Sinfonia de Beethoven; Eroica (citada no filme) nos mostra o momento sócio-histórico que vivia o Velho Continente naquela época (cabe aqui uma rápida citação do nome do filósofo Hegel que dizia que arte par ter significado precisava ter antes de tudo expressão de histórico-cultural de seu tempo). Beethoven inicialmente admirava muitíssimo Napoleão Bonaparte, mas ao saber que este havia se tornado imperador, Beethoven modificou radicalmente sua obra espantando o público de maneira positiva ao ouvir sua apresentação (inclusive, mesmo de forma sucinta, é necessária a explicação de que os motivos que fizeram tal admiração e espanto no mundo da música se devem às inovações na composição e execução da sinfonia entre os anos de 1803 e 1805). Assim, como já dito, percebemos ser inevitável conhecer um pouco da vida e da história de Ludwig van Beethoven, porém suas músicas declaram muito que marcou a sua vida e época (mais uma característica que define suas obras como autobiográficas, que falam de sua vivência com um pai agressor e indiferente e outros aspectos ligados aos seus amores e paixões).
Os significados das músicas de Beethoven alcançam níveis da esfera humana e artística, que em dezesseis de outubro do ano passado, a Nona Sinfonia foi declarada Patrimônio da Humanidade (pela Unesco em “Memórias do Mundo”). Segundo matéria publicada no portal noticioso Paraná On-line, devido à idéia da alegria e da fraternidade que une as pessoas em todo o mundo transmitida através da obra-mestra do compositor. Em suma, podemos afirmar que é impossível apenas “ouvir” de forma superficial as obras de Beethoven: elas intrinsecamente trazem junto de si significados que nos fazem refletir sobre a vida, que nos fazem sentir a vida em todas as suas particularidades da emoção.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
*QUESTÕES ACERCA DO TEXTO "ESTÉTICA"
01) O que podemos entender por estética? Explique.
02) O que é o belo, segundo Kant?
03) Qual a crítica de Hegel e Kant quanto ao conceito de belo?
04) Sintetize as razões pelas quais podemos afirmar que a arte é um fenômeno social.
01) A Estética pode ser definida como uma ciência, mais especificamente, uma ciência que estuda e analisa as condições de percepção sensoriais. Deste modo, mais adiante a Estética ganhará status de ciência que estuda não só os sentidos, mas que também tem seu mote no belo e em suas aparições. Assim, sua função de estudar a recepção dos sentidos e a teoria do belo; é fulcrada no subjetivismo, tendo como principal objeto de investigação a obra de arte.
02) Diante de tantas questões, até mesmo polemizadas, acerca do que é o belo e onde este faz suas aparições, Kant nos apresenta sua própria visão do que vinha a ser o belo (tentando vencer o obstáculo proposto pelos filósofos idealistas e materialistas-empiristas, que não chegavam muito longe com suas divergentes ideias sobre o belo). Para Kant a beleza era subjetiva (dependia do gosto), mas nem por isso deixava de ter certa universalidade estética (devido às características de uma mesma obra agradar a muitos e também a similaridade dos órgãos sensoriais entre as pessoas); que de forma alguma poderia ser definida de forma lógico-racional.
03) A principal crítica de Hegel a Kant, no que se refere à conceituação do belo, se dá pela não consideração de Kant pelo aspecto histórico sobre a estética da obra de arte. Sendo assim, Hegel defende que toda obra de arte para ter valor e consenso do que seja belo; necessita ser fundamentada em si mesma a representação histórica e cultural de determinado momento que expressa. Em outras palavras, só é belo aquilo que manifesta a evolução espiritual do homem em suas múltiplas formas de ver e reagir ao mundo (daí a obrigação de se atentar ao fato de que a concepção do que é belo está intimamente ligada a sua construção histórico-social).
04) Seguindo as ideias da vinculação entre a obra de arte e a sociedade que a determina (histórico-social e culturalmente), consegue-se visualizar claramente que a arte não é apenas ma mera reprodução dos mundos internos e externos do homem; ela é também um fenômeno social. E como tal, o artista que a cria e manifesta, torna-se um ator social que através da arte reflete e nos faz refletir sobre a sociedade e sua maneira de ver o mundo (maneira individualista, diga-se de passagem). Assim, também a arte ao ser exposta ao público perde seu caráter individualista de interpretação para atingir distintas formas e visões sobre a arte e o ambiente que a rodeia (a arte de maneira alguma seria a fuga da realidade, pelo contrário: seria a expressão crítica e sensível desta).
Utilize os textos da páginas 330, 331 e 332 para responder as próximas questões:
05) Que elemento do primeiro páragrafo do primeiro texto indica a presença de Kant na reflexão de Schiller?
06) O que Schiller quer propor quando diz que "o caminho para a cabeça precisa ser aberto pelo coração"?
05) Usando-se da filosofia de Kant (especialmente acerca da filosofia moral e teoria do juízo estético kantiana), Schiller apresenta-nos a proposta de que somente por uma educação dos sentidos (educação estética) se poderiam alcançar não só o reino da moralidade, mas também responder a algumas perguntas como”onde a causa, de ainda assim, continuarmos bárbaros?”, ou seja, mesmo com tanto progresso e avanço do pensamento racional, sem uma preocupação maior com os sentimentos não se consegue compreender e agir de maneira correta (moral) em nossa sociedade.
06) Schiller ao fazer a citação: “o caminho para a cabeça precisa ser aberto pelo coração”, fazia menção explícita a seu desejo de trazer a todos os indivíduos a necessitada (segundo ele) educação estética. Desta maneira, Schiller propõe que para se alcançar o valorizado conhecimento racional e o aperfeiçoamento do saber, antes de tudo seria mais do que primordial, conhecer a subjetividade dos sentidos, conhecer e interagir com o mundo a sua volta. Schiller, que tinha nos sentidos a arma para se alcançar os valores morais, deixa claro que “A educação estética é uma necessidade do sentimento”, do sentimento humano.
LOPES DA SILVA, Anderson.
*Trabalho apresentado à disciplina de ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO, ministrada pela Prof. mestranda Thais P. P. Jerônimo Duarte
*A INTOLERÂNCIA NO PÓS 11 DE SETEMBRO, SOB À ÓTICA DE "CRASH – NO LIMITE" (2004)

A película de Paul Haggis conseguiu não só agradar aos críticos e conquistar o Oscar (2006), como também trouxe à tona uma discussão presente, mas pouco olhada sob o ângulo que Haggis o mostra em Crash – No Limite (2004).
Para esclarecer melhor, é necessário o entendimento de que o filme mostra o encontro de vários personagens totalmente diferentes nas ruas de Los Angeles: uma dona-de-casa e seu marido, promotor público, da alta sociedade; um lojista persa; um casal de detetives da polícia - ele afro-americano, ela latina -, que também são amantes; um diretor de televisão afro-americano e sua esposa; um mexicano especialista em chaves; dois ladrões de carros da periferia; um policial novato; e um casal coreano de meia-idade. Só por essa primeira visão já se pode ter ideia da amplitude de culturas e etnias que ali se encontram.
Desse modo, mesmo perdendo muito pela brevidade da síntese, o filme desenrola-se de uma maneira onde quase todos se encontram nas 36 horas que se passam dentro da diagese do filme. Tanto o começo quanto o filme de Crash se dão por cenas onde ocorrem acidentes (o nome crash em inglês quer dizer estrondo, o que poderia ser relacionado ao barulho do acidente), tais acidentes nos remetem a questão da intolerância não só no trato com as pessoas, mas a todo tipo de intolerância imaginável: social, religiosa, racial, entre outros.
A trama é fragmentada em vários núcleos narrativos, todos imersos em sua apreensão de mundo e em seus preconceitos próprios.Há o caucasiano com preconceito em relação aos negros e latinos; há os negros com preconceitos dos brancos e dos próprios negros; há árabes (categorização que inclui, no filme, todos os muçulmanos, mesmo que a maioria islâmica do mundo não seja falante do árabe ou nascida na Arábia Saudita) com preconceito dos latinos; há os chineses, os porto-riquenhos, os tailandeses, os pobres, os ricos, os bandidos e os policiais.
Crash demonstra, com um realismo surpreendente, que preconceito e discriminação não são um "privilégio" dos brancos burgueses, que todos nós, independentes de raça e classe social, já possuímos uma pré-compreensão do mundo que nos circunda e que é através dela que escolhemos nossos círculos de amizade, os ambientes que frequentamos e as pessoas que costumamos evitar e tudo isso leva a capacidade de julgar o próximo e lidar com ele através deste julgamento.
Para justificar o título dado a estes comentários, merecem destaque algumas considerações. Entre elas podem-se destacar as problemáticas socioeconômicas e culturais advindas após o terrível atentado terrorista contra as Torres Gêmeas no World Trade Center (EUA) no dia 11 de setembro de 2001.

A primeira delas refere-se à não tão longínqua Guerra Fria dos EUA versus URSS, que foi na verdade uma guerra ideológica e nem por isso deixou de provocar profundas transformações no mundo. Assim, com os ideias socialistas derrotados, a grande potência dos Estados Unidos (capitalista por excelência) passou a ser um símbolo de poderio nunca antes visto, inabalável assim como sua economia liberalista e a globalização comercial e financeira que se erguia.
Desta maneira, apesar das questões etnográficas e antropológico-sociais não deixarem de existir, foi apenas no pós 11 de setembro que a tão aclamada democracia americana e sua incontestável influência dominadora, deixou mostrar uma face ainda inobservável: a fragilidade do sistema capitalista. Para que a intolerância em toda sua multiplicidade de significados surgisse, não demorou muito.
Crash exemplifica e ilustra de uma perpesctiva elogiável o tema tratado aqui, trazendo uma mensagem que outros até poderiam dizer ser simplista ou ingênua, entretanto mesmo sendo caracterizada desse modo, ela não deixa de transparecer um fio de esperança que ainda resta na humanidade.
LOPES DA SILVA, Anderson
*Resenha crítica escrita como forma de avaliação para a disciplina de Comunicação e Cultura Brasileira, ministrada pelo Prof. Esmair Camargo Lopes
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
*APOCALYPTO: O "QUERIDINHO" DOS HISTORIADORES E ANTROPÓLOGOS

Aliás, com mais essa direção e roteiro (sendo o roteiro compartilhado com Farhad Safinia), o diretor comprova o seu fascínio por cenas realistas ao extremo, para não dizer sangrentas ao extremo, e pela interessante forma de representar o declínio de uma civilização que se corroe por dentro.
Mel Gibson, filho de Huton e Anne Gibson, nasceu em 3 de janeiro de 1956 e Nova Iorque, EUA. Depois de algum tempo, Gibson e sua família se mudaram para a Austrália e foi lá que ele se formou em Artes Dramáticas (pela Universidade de Sidney). Começou a carreira em séries televisas e logo estreou no cinema com o filme Mad Max (1979), como protagonista. Após isso, Mel Gibson estrelou outros filmes de expressão e ganhou o sucesso da crítica (e o Oscar de Melhor Diretor) por dirigir seu primeiro longa-metragem: “Coração Valente”. Sua filmografia (como diretor e roteirista) ainda inclui os longas-metragens O Homem sem Face (1993), o já citado Coração Valente (1995), A Paixão de Cristo (2004) e este que aqui analisaremos Apocalypto (2006).
Se usando da mesma tática do seu último filme, que era todo falado em latim e aramaico, Mel Gibson também passa ao espectador mais realidade ao ouvir os atores (em sua maioria mexicanos) falando em yucateco (um dialeto da língua maia já quase morto). Toda a trama se inicia em uma tribo de maias primitivos, que tem por meio de sobrevivência a caça selvagem. É nesse local que v

Todos vivem em paz com eles mesmos e a natureza, até que são surpreendidos por uma invasão de guerreiros de outra tribo maia, que mais adiante se percebe ser bem mais “civilizada” (em termos de roupagem e administração). Na terrível luta muitos dos primitivos e dos “civilizados” sucumbem, mas uma grande parte de homens e mulheres fortes são levados para fora da tribo. Porém antes de ser capturado, Jaguar Paw esconde sua mulher Seven (Dalia Hernandez) e seu filho em uma gruta profunda. Após isso é obrigado a ver seu pai sendo morto e ele próprio ser amarrado com os outros de sua tribo, e serem levados para uma tribo desconhecida.
As crianças e alguns idosos ficam desolados pela mata, sozinhos. A tribo que os captura os faz passar, durante todo o percurso, por situações terríveis; como atravessar uma correnteza de rio com braços e tronco atados, penhascos altíssimos e sem falar na violência explícita a que são submetidos (aliás, outro aspecto que polemizou ainda mais a obra). Também nesse caminho eles encontram uma menina maia com uma doença contagiosa, que adverti a tribo mais civilizada para que tomem cuidado com aquele que leva a pata de jaguar (ou seja, uma profecia que faz menção clara a Jaguar Paw).

Ao chegar à tribo vizinha, Povo da Bandeira do Sol, é possível notar que se trata também de uma tribo maia, pela língua e por algumas semelhanças nos vestuários e acessórios (piercings, pintura e cicatrizes enormes provocadas por eles mesmos como mostra de bravura). O que os distingue da tribo mais primitiva, é o sistema hierárquico de governo e a prática de escambo, além disso, há uma grande concentração de pessoas, o que determina claramente um maior desenvolvimento daquela povoação.
Assim, o objetivo daquela captura se define rapidamente aos olhos de todos: as mulheres novas são vendidas numa espécie de mercado humano e os jovens rapazes, pintados com uma tinta azul índigo, são levados ao alto de uma pirâmide tipicamente maia, para serem sacrificados a Kulkulan, um dos deuses de veneração do povo politeísta que eram os maias. O sacrifício seria necessário para que voltassem a prosperar suas safras e que as doenças se afastassem de seu povo.
Desse modo, ante todo o povo maia, os capturados têm suas cabeças degoladas no alto da pirâmide por uma espécie de sacerdote. Quando chega a vez de Jaguar Paw, ocorre um eclipse solar o que indica a saciedade do deus quanto ao sacrifício. Por isso, durante toda a captura ele é chamado de “Quase”, pelos outros, por sempre escapar da morte (na realidade ele cumpria sem saber a profecia da menina).
Quando tem a chance de escapar, Jaguar Paw mata o filho do grande guerreiro chefe, então segue mais uma perseguição por entre a mata. A ‘caçada’ só termina com a morte do grande guerreiro da tribo civilizada, do mesmo modo que havia morrido o animal caçado da primeira cena do filme. Já no final, Jaguar resgata sua mulher e seus filhos (a mulher havia entrado em trabalho de parto dentro da gruta, quando esta estava sendo inundada pela água da chuva),e lá ao longe aparece a esquadra dos espanhóis que chegavam para colonizar o povo maia.
Analisando sob a ótica cultural e antropológica, o filme Apocalypto nos mostra dois povos da mesma cultura, mas com desenvolvimento social e até econômico superiores. Do mesmo modo, o que ele tenta passar ao espectador é esse paradoxo onde civilizado age como primitivo, fazendo assim uma rápida analogia com os dias contemporâneos. O aspecto da violência é

Na tribo de Jaguar Paw, é natural que se apresentem seminus ou possuam ainda vários adornos pelo corpo, principalmente alargadores. No que diz respeito à formação social da tribo, nitidamente se percebe a importância da prole para a vida dos maias, ali a família simboliza uma união estável e até mesmo de status respeitável (é possível ver que em cenas cômicas, um dos personagens da tribo não consegue ter filho e é ridicularizado pela sogra perante todos os moradores dali). Já a questão dos anciãos, é mais clara ainda, quando numa típica comemoração ao luar, o maia mais idoso é quem repassa as histórias oralmente à tribo. É ele que detém sabedoria e experiência, é ele quem aconselha a tribo sobre a insatisfação do homem (outra analogia profunda com o materialismo dialético).
A mulher maia é representada no filme sem muito destaque e as crianças também possuem papel social secundário durante a trama.
Ainda em relação à distinção dos dois povos, é possível ver que pela pintura e o vestuário na tribo civilizada há separação social, ou seja, o rei e a rainha do Povo da Bandeira do Sol têm um adorno maior de pedras preciosas e plumagens únicas. Já os guerreiros se diferenciam não só pelo uso das armas, mas também pelo uso de acessórios como ossos de animais e pela rudeza de suas cicatrizes mais avantajadas. O restante da população tem uma vestimenta bem similar uns com os outros, sendo diferentes apenas dos que vestem uma espécie de pano entre as pernas e têm o resto do corpo encoberto pela poeira (isto é, os escravos que aparecem nitidamente trabalhando nas construções da tribo).
No tocante aos erros históricos que permeiam a obra e dificultam uma análise mais profunda, é difícil crer que uma obra que custou 40 milhões de dólares e foi gravada nas florestas do sul do México (ambiente quase exato do modo de vida dos maias), tenha se esquecido de retratar a cultura maia que não a visual com mais precisão (não é apresentado durante o filme, as invenções ou conhecimento astronômico dos mais e nem a complexa e significativa cultura maia). E o pior erro de Mel Gibson, foi tentar mostrar que as sociedades mais só foram vencidas pelos espanhóis porque estavam desestruturadas internamente. Quer dizer, é sim verdade que a etnia maia teve conflitos internos, porém a chegada da esquadra espanhola com os colonizadores só se daria 300 anos depois da destruição da última cidade maia.
Quanto à língua falada pelos personagens (inclusive interpretados por doze atores de origem maia), esta sim foi duramente criticada pelos falantes nativos. Mais uma mostra de que a pesquisa etnográfica foi feita superficialmente, pois segundo os nativos, até mesmo as vogais não eram alongadas quando necessárias, somente a atriz-mirim Isidra Hoil (a menina que pressagia a vida de Jaguar Paw e o fim dos maias) e o velho ancião, Espiridion Acosta Cachê, da tribo primitiva o faziam fidedignamente.
Apocalypto tem seu prestígio mais visualmente do que historicamente e denota que para a indústria cultural ele é uma ótima obra que mistura cenas épicas com ação, todavia para fins de estudo antropológicos, não passa de mais um filminho com muitas informações desconexas e sem qualquer linha histórica ou cronológica fidedigna.
LOPES DA SILVA, Anderson
*Resenha crítica escrita como forma de avaliação para a disciplina de COMUNICAÇÃO E CULTURA BRASILEIRA, ministrada pelo Prof. Esmair Lopes Camargo
*AVALIAÇÃO DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO I
01) O que McLuhan quis dizer com o termo “Ovo Eletrônico”?
02) Explique a idéia de Aldeia Global.
03) Como a noção proposta por McLuhan, “O meio é a mensagem”, pode ser aplicada às Novas Tecnologias da Informação e Comunicação?
Respostas
01) McLuhan ao usar o termo “Ovo Eletrônico”, fala claramente de um mito cosmogônico (que procura “desvendar” a origem do Universo através de estórias fantasiosas, pois como já se sabe, são mitos) e assim caracteriza o planeta se transformando em um ovo eletrônico encoberto por redes, que interligam tudo. Dessa forma, para McLuhan as novas tecnologias seriam apenas uma extensão do corpo humano: como a roda seria uma extensão dos pés, o livro uma extensão dos olhos, as roupas uma extensão da pele, circuitos elétricos uma extensão do cérebro (sistema nervoso central) e o telefone uma extensão do ouvido. Esse novo ambiente criado e formado pelo o próprio homem, destina-se a moldar os seus padrões de percepção do mundo e de si próprio.
02) A “Aldeia Global” de McLuhan, poderia ser definida com a ideia de que individualização já não existe mais, agora todos os atos e suas conseqüências passariam a ser coletivas. O próprio globo passaria a agir como uma verdadeira aldeia, é o chamado processo de "tribalização". Assim, para McLuhan a “Aldeia Global” seria nada mais do que a volta de um tipo novo de comunicação, não mais apenas “tipográfico ou visual”, que aconteceria nas aldeias: as pessoas estariam cada vez mais perto uma das outras e dessa forma a comunicação ocorreria muito mais rápida e seria instantaneamente compreendida pelos outros (vale ressaltar que nem por isso eles todos deveriam ser iguais e compartilharem das mesmas idéias). Nos tempos de McLuhan (que nem eram tão antigos assim pois ele viveu até a década de 80), a “musa” das comunicações, que possibilitava o acesso a essa tal Aldeia Global, era televisão (que já possuía nessa época o vídeo tape e as cores). Desse modo podemos dizer que se McLuhan vivesse em nossos dias, a Internet seria por ele compreendida como a mais importante ferramenta para a construção concreta de uma Aldeia Global, pois na grande rede existe a comunicação Todos e Todos, diferentemente da televisão onde a comunicação se processa através do modelo Um e Todos (o que de certa forma inviabiliza uma maior interação e participação das pessoas).
03) Quando McLuhan diz que o meio é a mensagem (ou a mass –age) , podemos atentar ao fato de que o meio é geralmente pensado (no atual modelo de comunicação de Shannon e Weaver) como um simples canal de passagem e transmissão de conteúdo comunicativo, mas para McLuhan o “meio” deve ser entendido como um elemento determinante na comunicação (pois tanto pode determinar uma forma positiva quanto negativa de acordo como é veiculada essa comunicação). Já no âmbito das Novas TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), é interessante relembrar que cada vez mais tem se dado “peso e valor” quanto ao meio em que se propaga a comunicação, pois dependendo da forma de como é recebida essa informação (escrita ou oral, pelo rádio,tv ou internet),em cada caso tem-se diferentes modos de compreender e perceber detalhes do conteúdo da mensagem. Por isso McLuhan considera o meio tão importante no processo da construção da comunicação.
EDGAR MORIN
04) Explique a relação entre os mitos e a elaboração do “star system” hollywoodiano em Edgar Morin.
05) Enumere os principais arquétipos e desenvolva um de modo mais aprofundado.
Respostas
04) Para compreendermos melhor o que vem a ser “star system”, é necessário explicar que foi a partir de 1919, passando por 1931 e 1932 (época áurea do ‘star system’), que a indústria cinematográfica de Hollywood passou a orbitar em volta das estrelas (atores que passaram de desconhecidos a quase deuses) e suas vontades. Assim como os mitos (sejam eles quais forem), a partir da década de 20 os anônimos atores começaram a se tornar verdadeiras estrelas e desse modo ficavam na mente das pessoas como objeto de culto, adoração e eram por muitos, considerados não-mortais; sua forma de viver estava muito acima de qualquer outra vida comum. Suas relações amorosas se pareciam com a de grandes deuses das mais variadas mitologias: eles se casavam, separavam e até recusavam casamentos se não fossem com grandes aristocratas e tudo isso, de certa forma intervinha na vida dos espectadores. Destaca-se aqui que o "star system", criando suas "estrelas" que são tratadas com a máxima importância, inclusive financeiramente, tem se mantido vivo e forte até hoje (inclusive pela força que recebe dos meios de comunicação e mídia).
05) Os principais arquétipos femininos são: ‘Virgem Inocente’ (ou Rebelde), ‘Vamp’ (mitologia nórdica), ‘Grande Prostitua’ (mitologia mediterrânea), ‘Divina’ (junção da Virgem Inocente com a Grande Prostituta) e ‘Femme Fatale’ (junção da Vamp com a Grande Prostituta). Já os arquétipos masculinos mais importantes são: ‘Herói Cômico’ (como C. Chaplin) e o ‘Aventureiro’ e o ‘Herói Romântico’ (o ator Rodolfo Valentino assemelha-se mais a uma síntese entre os dois últimos arquétipos citados, tendo sempre como referencial ser um ídolo do amor que realizaria feitos inimagináveis.)
A Divina seria uma mulher tão misteriosa e soberana quanto a citada Femme Fatale e tão pura e sofredora quanto a Virgem Inocente. Como característica psicológica poder-se-ia notar que o arquétipo feminino da Divina se encontra perdida em seus sonhos inacessíveis (por isso ela é tão misteriosa), tendo como especial representante no cinema de Hollywood, a atriz Greta Garbo. Aliás, a mesma atriz de nacionalidade sueca, mas que brilhou no cinema americano, foi por décadas o referencial de mulher elegante na moda, pois seu visual sofisticado atraía tanto quanto suas sobrancelhas e pálpebras marcadas com maquiagem (nota-se aí que o arquétipo da Divina por ser uma mescla entre a V. Inocente e a G. Prostituta, “herdou” da Inocente seus olhos crédulos, grandes e misteriosos).
LOPES DA SILVA, Anderson
*Avaliação da disciplina de Teoria da Comunicação I, ministrada pelo Prof. Ms. José Abílio Perez Junior
domingo, 6 de dezembro de 2009
*CAPOTE, O INDECIFRÁVEL.
Porém, a verossimilhança com o real ao contar a trajetória do escritor e jornalista Truman Capote e também comentários acerca da enigmática vida do autor de A Sangue Frio (1965); é o que pretendemos discutir nessa resenha.
O diretor Bennett Miller, é um estadunidense formado em Teatro pela New York State Summer School of the Arts (NYSSSA) em 1984. E mesmo com pouquíssima visibilidade no cenário cinematográfico internacional, conseguiu produzir um drama (com características autobiográficas) que de certa forma, proporcionou que se conhecesse não apenas a vida já adulta do jornalista Truman Capote ( Philip Seymour Hoffman), mas também a misteriosa forma de agir e pensar deste que se consagrou como o pioneiro do gênero que se conhece por new journalism ou jornalismo literário.
O desenrolar do enredo se dá pela história do assassinato da Família Clutter, na pequena Holcomb (no estado do Kansas - EUA). Todavia, o assassinato da garota Nancy, seu irmão e seus pais serve de pano de fundo para a trama, bem como a relação de Capote com Perry Smith (uma relação bem mais próxima) e com Richard Hickock (este com uma aparente frieza superior a do colega de crime), ambos, assassinos dos Clutter.
Desse modo, redigindo para o The New York Times, quando se dá o fato (em 15 de novembro de 1959), o protagonista lê a notícia sobre o assunto no mesmo jornal. Interessa-se pela temática e recebe apoio de seu chefe Willian Shawn para naquela noite ainda viajar ao Kansas. A ideia que aparenta ao menos, era de que Capote queria escrever sobre o tema para o jornal, mas o que se vê é o início da concepção de A Sangue Frio (exemplo clássico do que é o jornalismo literário - um tipo de reportagem que mescla fatos reais acontecidos com um jeito de narrar definido como novelístico que se aproveita da subjetividade quase ausente na notícia, em outras palavras, uma espécie de literatura não-ficcional).
Junto dele vai sua “assistente” Nell H. Lee (na realidade amiga que o conhece realmente, diferente dos outros do grande círculo de amigos de Capote). Já dentro do vagão do trem, é possível perceber o quão necessitava de atenção e reconhecimento o jornalista: ele paga a um dos carregadores para que este elogie seu livro na frente da amiga. Ela, claro, nota no exato momento a “farsa” e critica de forma leve e irônica o comportamento deste.
Truman Capote é representado durante todo o filme da seguinte forma: um homossexual de voz muito efeminada, sedento pela atenção de todos (uma necessidade quase patológica) e um homem ambíguo, contraditório e até mesmo indecifrável. Aliás, essa busca pela fama e brilho (reconhecimento) percorre sua vida e torna-o cada vez mais insaciável (tendo aparições desta insaciedade até em Bonequinha de Luxo (1961), roteiro escrito pelo próprio jornalista contando a trajetória de uma moça em busca do sonho de ser uma atriz hollywoodiana).
Voltando ao filme, vemos que numa incansável investigação, Capote vai travando um duelo com Perry Smith, para que o assassino lhe forneça informações essenciais à reportagem. Pouco a pouco consegue as informações e adquire do rapaz uma confiança de amigo (algo importante de ressaltar-se é que ele mantém uma relação meio dúbia com o assassino; quer manter-se afastado apenas ajudando-o com um novo advogado, mas também parece sentir atração por ele e pelo perigo que este representa).
Compreendendo uma diagese de aproximadamente 4 anos, o filme Capote ainda mostra o relacionamento de Truman com seu parceiro Jack (apesar de Bennett Miller não se aprofundar ou não ter destacado nenhuma cena sobre a relação homossexual de dois homens bem-sucedidos nos anos 50 e 60). E um pouco da glória conquistada pelo pré-lançamento de seu livro sobre os assassinatos, no qual é nítido ver que após aplaudiram-no efusivamente, fica mais do que estampada sua nada modesta satisfação.
Além disso, por ter um relacionamento social invejável compessoas das mais altas classes (inclusive com divas do cinema como Marylin Monroe), Capote frequentava inúmeras festas em salões chiques. Festas estas nas quais o cigarro, a bebida (que em 1984 dizimou com a vida do jornalista) e as pessoas estavam sempre presentes, sendo que a já citada carência de necessidade ficava mais explícita ainda, ao vermos Capote fazendo com que as pessoas sempre ficassem a sua volta rindo de seus comentários ácidos e honestos (como ele mesmo diz).
Ainda em Capote, vemos que num diálogo relevante entre o assassino Perry Smith e Truman Capote, este último cita bem superficialmente um pouco sobre sua infância; ao falar da mãe e um pouco do padrasto. A critério de explicação vale relembrar que Capote teve problemas com a mãe que era alcoólatra e acabou cometendo suicídio (motivo este, pelo qual foi crido por uma tia no estado de Alabama). Seu pai também não era a virtude em pessoa. E assim, após o divórcio de seus pais, sua mãe se casou com um cubano, Joseph García Capote, de quem Truman tirou seu sobrenome (a propósito, Truman considerava o padrasto seu verdadeiro pai).
Ao final do filme, os assassinos são condenados à forca (sendo que antes Perry, que trocava muitas cartas com o protagonista, conta em detalhes o ocorrido em uma de suas conversas com Truman na cela; explicando os motivos do latrocínio: um roubo mal-fadado que inicialmente tinha a pretensão de conseguir 10 mil dólares e acabou apanhando míseros 40 ou 50 dólares). Capote volta desolado com a cena que presencia o enforcamento, e assim publica depois de alguns anos A sangue Frio.
Acerca da verossimilhança da vida rela de Truman e a representada no cinema, fica uma ou outra indagação: se Truman gostava tanto de se “mostrar”, de chamar atenção; como explicar suas maneiras muito finas e discretas no falar e movimentar? E depois, se ele era considerado um escritor maldito de língua ferina (odiado pela alta sociedade nova iorquina), como também explicar a situação deste em ser recebido com pompa em qualquer lugar que chegasse (como na cena em que é convidado a assistir a estréia de um filme)? Seria isso unicamente pelo seu prestígio como “jornalista honesto” em seus escritos? Não é algo bem contraditório (assim como a vida desse personagem)?
Para quem deseja conhecer um pouco mais (mesmo que sob a visão de Bennett) a vida e a carreira profissional de Truman Capote, a obra de 2005 é mais do que recomendada. A nós, que estudamos Comunicação, compreender a vida de um jornalista que inovou em seu tempo, criando um novo estilo, um novo gênero para se trabalhar na área jornalística (que em nada segue os padrões vigentes de objetividade e imparcialidade, aliás, a constituição do gênero por ser literária possibilita ao jornalista não apenas discursar sobre os fatos, mas também refletir sobre o que escreve), Capote dispensa recomendações.
Nada melhor do que uma das célebres frases de Truman Capote, para justificar plausivelmente o adjetivo “indecifrável” dado ao personagem principal desta resenha: “Não sou um santo. Sou um alcoólatra, um drogado, um homossexual e um gênio. Certamente, poderia ter sido todas essas quatro coisas e ter continuado sendo um santo. Só direi que não sou uma pessoa feliz. Só os imbecis ou os idiotas são felizes".
sábado, 5 de dezembro de 2009
*BREVÍSSIMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TELENOVELA BRASILEIRA
*BREVÍSSIMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS REALITIES SHOWS
O reality show à primeira vista se mostra como um termo um tanto quanto contraditório. Primeiro que de real não tem nada e depois, que um show (apresentação) envolve todos os elementos extraordinários que possibilitam ver algo fora do comum, algo que é feito para ser visto. Note o 'é feito".
Assim, outra importante consideração a ser lembrada, diz respeito a mistura de gêneros com audiência comprovada que permeiam a "construção" de um reality. Traduzindo: drama, humor, erotismo e outros mais, fazem parte constante dos conflitos e emoções "reais" de um BBB, Casa dos Artistas ou A Fazenda (mais recentemente). Outra clara mostra da presença da Indústria Cultural, que se serve daquilo que é sucesso pronto.
Juntando-se a isso, um conceito de Edgar Morin, intitulado "olimpianos" (para descrever as inacessíveis celebridades criadas pela cultura de massa) ocorre hoje de forma cada vez mais instantânea. Os realities shows produzem celeridades sem mérito algum, fulcrando-se assim em outro pensamento que define realísticamente (que ironia!) asituação que vivenciamos: a democracia radical de Braudillard, na qual todos (sem qualquer distinção ) teriam condições de se
transformarem em "olimpianos".
Para finalizar, outro questionamento que pode ser levantado, relaciona-se a tênue linha que separa o público do privado. Especificamente nos realities shows essa problemática envolve ainda a necessidade de saber, conhecer, bisbilhotar a vida do próximo (voyuerismo).
Em síntese, pode-se dizer que não existe melhr exemplificação para representar um simulacro do que um reality show (conceito também de Braudillard, que consiste em mostrar uma representação do real, uma falsa realidade que de tão falsa faz com que se creia que o vê é real).
LOPES DA SILVA, Anderson
*Texto escrito no dia 28/12/2009 como avaliação de TEORIA DA COMUNICAÇÃO II, ministrada pela Prof. mestranda Regina Krauss.